Fiquei super em choque quando vi essa matéria, e por ser assinante, consegui acessar na íntegra o jornal Folha de S. Paulo dessa quarta-feira, 20 de janeiro. Há muito glamour, estilo e brilho nas passarelas, mas por trás de tudo isso, as modelos sofrem ainda com a magreza perfeita. Achei de grande necessidade expor esta matéria aqui no blog, pois afinal devemos colocar a saúde em primeiro lugar e infelizmente, não é isso que está acontecendo nas passarelas...
Modelos muito esquálidas levam grifes
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
"Gente, o que é isso, essa menina está doente?" A frase, de um fashionista sentado na primeira fila de um desfile da SPFW, ilustra um espanto recorrente na atual edição do evento: as modelos estão mais magras do que nunca. Prova disso é que estilistas estão tendo dificuldades em montar seus "castings", fazem ajustes de última hora e escolhem peças estratégicas que escondam os ossos saltados das modelos.
Na SPFW da magreza radical brilham modelos na faixa dos 18 anos, que têm índice de massa corporal, calculado pela Folha, igual ao de crianças de 9 anos. No mundo dos adultos, a Organização Mundial da Saúde chama esse índice de "magreza severa".
A explicação vem da top Aline Weber, 21, que mora em Nova York e participou do filme "Direito de Amar", de Tom Ford. "Três coleções atrás, no auge do pânico antianorexia, as pessoas pesavam as modelos no backstage para ver se elas estavam saudáveis. Agora, a poeira baixou. Se você engorda um pouco, todo mundo está ali pra te julgar. Se você emagrece, falam que você está linda." Aline diz conhecer muitas meninas bulímicas e anoréxicas fora do Brasil. "As russas são as piores", conta.O stylist David Pollak identifica o padrão supermagro europeu como uma das causas da onda que atinge a atual edição da SPFW. "Muitas meninas estão trabalhando fora e por isso estão supermagras. Estão dentro do padrão de Paris, que é esquelético.
"A magreza radical fez com que ele tivesse dificuldades na hora de montar o "casting" da Cavalera. "A marca tem uma imagem mais adolescente, saudável. Por isso, peguei meninas que não são badaladas [leia-se, as que ainda não têm carreira internacional]. Outros stylists tiveram de fazer o improvável: dispensar meninas de suas seleções porque elas estavam magras demais.
A onda tem feito eles inverterem uma antiga lógica da moda: ao invés de avaliarem roupas ideais para esconder, por exemplo, um quadril mais largo, têm de descobrir os looks que vão ocultar um corpo esquálido. "As meninas muito magras causam problemas. Seus ossos apontam num vestido de seda mais fluido. Ou seus corpos, muito estreitos, deixam a proporção toda estranha", avalia o stylist Maurício Ianês.
Muito café
O estilista Reinaldo Lourenço não só percebe a hipermagreza das modelos desta temporada como também conta que teve que fazer hora extra por conta do fenômeno. "Tive que fazer vários ajustes de última hora em roupas que ficaram largas nas meninas, o que me deu o maior trabalho", diz. Segundo ele, isso acontece porque a atual safra de modelos é "muito jovem".
Nos camarins, longe da mesa de salgadinhos e quitutes -relegada aos jornalistas-, modelos desfilam com copos de café. "Identifico as mais magras como a turma do cafezinho, já que elas passam o dia todo tomando café para não comer e ficarem ligadas", diz Pollak. Em entrevistas, elas escondem o peso e as medidas. "Não sei quanto peso. Nunca subo na balança", disfarça uma delas.
Cristina Theiss, 18, jovem aposta da Ford Models, teoriza: "Para fazer passarela de inverno, precisa ser mais magrinha mesmo, porque as roupas são volumosas, enchem demais". Para agências de modelos, o assunto ainda é tabu. Ou foi deixado de lado. "Magreza? Anorexia? Mas que assunto antigo, datado!", diz um agente, interrompendo a entrevista da Folha com uma modelo. Basta olhar para as passarelas para ver que não é.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2001201025.htm
Fonte: Folha de S. Paulo
21.1.10
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